CIK-FIA European Champs - KF1 & KF2 - Braga - 1,2 e 3 de Agosto
A combinação entre os campeonatos europeus das categorias KF1 e KF2 numa única prova resultou num grande espetáculo. Por um lado os pormenores geniais e a condução experiente dos pilotos da KF1, onde a tensão era grande pois nada estava decidido à entrada desta última prova do campeonato, e por outro a habitual agressividade e espectacularidade dos pilotos da KF2, que procuram mostrar-se para evoluirem na carreira, foram a receita para esta grande prova.
A organização da prova foi exemplar, tanto no cumprimento do horário, como os comissários de pista e desportivos, gabinete de imprensa ou apresentação de pilotos, tudo decorreu sem problemas.
Apenas no que respeita ao público presente houve um ponto negativo. Apesar da boa divulgação com outdoors na cidade de Braga não houve praticamente público sem serem familiares e amigos de pilotos, ou pessoas directamente ligadas ao Karting. É um pouco triste esta situação, dado que a espectacularidade deste desporto é consensual ao nivel dos amantes dos desportos motorizados, além de que quando se assiste a uma prova de karting consegue ver-se toda a pista, ao contrário duma prova de automobilismo. Além disso pequenos foram os tempos mortos durante o fim de semana.
Não posso deixar de apontar que os 10 euros pedidos por um bilhete de bancada foram um preço demasiado excessivo e que dessa forma as coisas nunca vão melhorar, mas a minha opinião é que se houvesse uma constante divulgação / promoção do karting ao longo do ano as coisas poderiam ser diferentes, tanto a nível de público como a nível de participantes nas provas de karting em Portugal. Note-se que promoção nao significa publicidade, mas sim toda uma variedade de medidas que seriam necessárias.
A nível desportivo ambas as categorias mostraram um leque de pilotos de grande qualidade, cujas maiores dificuldades foram lidar com o calor de Braga, duro para o físico e para os motores. E encontrar a melhor afinação dos chassis, dado que além do calor as categorias utilizaram tipos de pneus diferentes, o que complicou um pouco as coisas.
Na KF1 os pneus são de composto e marca livre, pelo que os pilotos utilizam compostos moles e a maioria escolheu a marca Bridgestone. Mas na KF2 é obrigatório os pilotos utilizarem um composto duro da Dunlop. Sendo assim os pilotos da KF1 depararam-se com uma pista que nunca ganhou muita borracha, enquanto que os pilotos da KF2 tiveram de se adaptar a uma pista cujas trajectórias tinham borracha depositada pelos pneus moles da outra categoria.
KF2
Na categoria KF2 participaram os dois únicos pilotos portugueses em prova, Barnardo Arnaut e José Cautela, ambos inscritos pela equipa Couceiro Junior Team, utilizando chassis CRG e motores Maxter.
A mecânica da prova seguiu o esquema de treinos cronometrados, quatro mangas de qualificação para cada piloto e pré-final e final para os 34 primeiros.
Nos treinos cronometrados duma prova destas é muito importante obter um lugar na frente, longe das confusões do meio do pelotão, para que a probabilidade de de se sobreviver a todas as mangas de qualificaçao seja o mais elevada possível. Enquanto que José Cautela conseguiu esse objectivo, com um 11º, a 3 décimos de segundo do italiano Flavio Camponeschi, lugar que lhe dava a 3ª linha na partida para cada manga de qualificação, Bernardo Arnaut quedou-se pelo 28º lugar que embora seja de louvar em 71 pilotos, lhe tornava a vida muito complicada nas mangas de qualificação, pois estava numa zona onde a agressividade dos pilotos se intensifica devido à proximidade da fronteira do 34º lugar que dá acesso à final.
Mesmo assim Arnaut teria provavelmente conseguido o acesso à final se não fosse o motor gripado logo na primeira manga de qualificação, mas o conjunto de resultados que obteve nestas 4 corridas de qualificação apenas lhe permitiu alcançar o 42º posto geral.
Quanto a José Cautela, não sofreu problemas mecânicos e manteve-se afastado de confusões de forma que conseguiu um bom conjunto de resultados que lhe dava o 8º lugar geral nesta fase da prova, liderada ainda por Camponeschi que venceu todas as suas mangas de qualificação com impressionante vantagem.
Na pré-final Flavio Camponeschi, piloto oficial da equipe TonyKart/Vortex, voltou a não deixar dúvidas na sua vitória, ganhando uma vantagem considerável logo nas voltas iniciais, controlando depois o andamento até ao final. O inglês Robert Foster-Jones em FA Kart/Vortex conseguiu também isolar-se na segunda posição enquanto que mais atrás o inglês Oliver Rowland, também oficial TonyKart consegiu superiorizar-se aos italianos Mirko Luciani e Giacomo Patrono, e ao belga Robin Frijns.
José Cautela fez uma corrida cuidadosa, que foi a atitude correcta para a pré-final, poupando pneu para a final, e terminou no 11º lugar.
A final de 24 voltas foi uma cópia da pré-final, no que respeita aos dois primeiros classificados, Camponeschi voltou a isolar-se no comando logo nas primeiras voltas tal como Foster-Jones se isolou no segundo lugar, mas o resto da classificação foi bastante diferente, com pilotos vindos de trás a intrometerem-se nos lugares cimeiros. Robin Frijns em Birel/TM foi 3º, liderenado um grupo que contava ainda com Petri Suvanto da Finlândia, com a armada inglesa Oliver Rowland, Christopher Brown e James Thorpe, Mirko Luciani, o sueco Jasper Rossler e o italiano Andrea Dalè que fechou o top-ten.
Depois deste grupo chegou um pelotão relativamente compacto onde rodou José Cautela durante a segunda metade da prova, depois de ter perdido contacto com o primeiro grupo e de se ter inserido na luta com os pilotos deste pelotão, tendo terminado na 16ª posição final.
KF1
A prova da categoria KF1 não seguiu a mesma mecânica que a categoria KF2. A prova de Braga foi na verdade a terceira e última prova de um campeonato europeu disputado em 3 provas (6 corridas) e que já tinha passado por Angerville, França em Maio e por Mariembourg, Bélgica em Junho.
Cada prova segue um esquema de treinos cronometrados, duas mangas de qualificação para cada piloto, e duas corridas finais de igual nível de pontuação para o campeonato (25 pontos para o primeiro, 20 para o segundo, e depois 16, 13, 11, 10, 9, etc.). No final contam as 5 melhores corridas de cada piloto.
À partida para esta prova havia 3 candidatos óbvios ao título: O inglês Gary Catt da equipa TonyKart oficial, que com um grande resultado em Angerville e um apenas razoável em Mariembourg liderava o campeonato com 55 pontos sobre o seu companheiro de equipa e detentor dos últimos 3 títulos europeus consecutivos, o italiano Marco Ardigo, com 51 pontos depois de pontuar apenas um ponto em Angerville, mas com duas vitórias em Mariembourg e o francês da CRG oficial, Arnaud Kozlinsky, com 44 pontos e uma vitória na primeira corrida em Angerville.
Gary Catt desde cedo se apresentou bastante apagado (apenas 19º nos treinos cronometrados) enquanto que Kozlinsky e Ardigo estavam na frente (2º e 3º nos cronometrados, respectivamente) prontos a discutir as corridas e o campeonato. Fora da luta pelo campeonato foi Davide Fore que conquistou a pole para a Maranello.
Foi também Fore que melhor correu as mangas de qualificação, ganhando as suas duas, enquanto que ao seu lado na partida para a Corrida 1 partia Kozlinsky, seguido na classificação intermédia por Jean-Philippe Guignet (também CRG oficial) e Ardigo, enquanto que Catt partia na 12ª posição.
Na primeira corrida Fore pareceu adormecer na partida e quem se aproveitou foi Kozlinsky que liderou da primeira à última volta seguido de Fore, que nunca o conseguiu incomodar e de Luca Giacomello, italiano da Zanardi que tinha partido do 11º lugar. Atrás destes 3 chegou isolado Sauro Casetti, da Birel, enquanto que Ardigo foi apenas 5º, ultrapassando nas últimas voltas o seu companheiro de equipa Will Stevens, que acabou por também ser passado por Catt, talvez numa tentativa de minimização de danos por parte da equipa TonyKart.
Sendo assim a classificação do campeonato entre as duas corridas era liderada por Kozlinsky (69 pontos), Catt (65) e Ardigo (62) e o suspense era muito para a corrida final cuja grelha de partida era dada pelo resultado da primeira corrida.
Mais uma vez Fore voltou a adormecer na partida e deixou Kozlinsky relativamente isolado na frente, com luta intensa num pelotão numeroso atrás de si.
A meio da corrida já tudo tinha acalmado e Kozlinksy liderava tranquilo, seguido de Fore também relativamente tranquilo e dum grupo formado por Cesetti, Giacomello, Michael Ryall da Birel, Stevens, Ardigo e Guignet (que tinha arrancado de 23º) que trocaram de posição entre si várias vezes.
A 10 voltas do fim da corrida Catt desiste e a luta pelo título passa a resumir-se a Kozlinsky e Ardigo
A 7 voltas do final dá-se o golpe de teatro e o motor de Kozlinsky cede antes do primeiro gancho da pista, depois da primeira curva, no exacto momento em que Fore o ia ultrapassar, visto que provavelmente por falta de rendimento do motor, se tinha aproximado do primeiro. Ao mesmo tempo Guignet impunha-se no grupo perseguidor e iniciava a sua perseguição à liderança da prova.
Na penúltima volta Guignet ultrapassa Fore e assume a liderança que Fore já não conseguiu retomar, enquanto que na última volta um desentendimento entre Giacomello e Cesetti no gancho do bar dá o pódio na corrida de bandeja a Ardigo, o que na verdade nem importava porque já era campeão europeu!
Preços
| 6ª feira | Sábado | Domingo | 3 Dias |
---|
Peão | Gratuito | 5€ | 5€ | - |
Bancada | Gratuito | 10€ | 10€ | - |
Paddock | - | - | - | 40€ |
Estacionamento | 2€ | 2€ | 2€ | 5€ |
Classificações Online
A página oficial da CIK-FIA dispolibiliza todas as classificações.
http://www.cikfia.com/News2008/Braga.htm
Programação de TV
A prova teve o apoio do EuroSport. Segunda Feira dia 11 de Agosto pelas 18h será transmitida uma reportagem de 25 minutos sobre a prova no canal Eurosport 2.