Com a entrada em vigor da nova regra para as inscrições nos diversos campeonatos de Portugal de automobilismo e karting, muitas foram as vozes de desagrado que se levantaram contra a FPAK, que aproveitou a introdução das novas regras para inflacionar mais uma vez os preços.
No que respeita ao karting, o número de participantes voltou a descer e as opiniões sobre o estado actual do CPK dividem-se basicamente em três grupos: Os que responsabilizam a FPAK, os que responsabilizam a FPAK e não só, e os que dizem que esta situação é apenas um reflexo da "crise" generalizada que vive o país.
Eu acredito que apesar desta chamada "crise" ter alguma influência, cabe à FPAK fazer alguma coisa para a contrariar.
Penso que mesmo outros factores aparentemente fora do controlo da federação e que têm muita influência na quantidade de participantes nos campeonatos, como o preço do material/manutenção ou o preço dos pneus, podem ser vistos como responsabilidade da entidade federativa numa perspectiva de longo prazo.
Reparem que esses preços são fixados por terceiros com base nas contingências de mercado em cada instante, isto é, quando há menos participantes os preços sobem porque havendo metade dos participantes muitos representantes teriam de fechar as portas se não aumentassem os preços.
Por isso, quando a FPAK aumenta o preço das licenças e diminui com isso o número de inscritos está na realidade a alterar indirectamente o preço de muito mais coisas.
Um factor externo que não pode ser incumbido à FPAK é o preço dos combustíveis que tem elevado, e muito, o preço das deslocações e mesmo o gasto em combustíveis dos karts propriamente ditos.
A minha opinião é, portanto, que a passividade ou contra-agressividade da FPAK (que é como quem diz, política do coça para dentro) no início desta "crise", isto é, desde o início dos anos 2000, levou a que se viva a situação grave que se vive hoje.
Pelos gráficos verifica-se facilmente que o total obtido pela FPAK com as licenças em 1999 era superior ao de hoje em dia (22 mil euros contra 16 mil euros) apesar das licenças na altura serem praticamente a metade do preço.
Algo semelhante acontecia aos clubes, no que respeita às inscrições nas provas.
A prova final de que algo foi mesmo correndo muito mal ao longo dos anos é o facto de que numa comparação entre Portugal, Espanha, França e Itália, o peso de cada encargo relativamente ao salário médio de cada país é sempre muito maior em Portugal. Inclusive Portugal é o único país do grupo onde um salário médio não consegue suportar (nem perto) os encargos somados de uma licença, uma inscrição e um jogo de pneus, enquanto que nos outros países esse encargo total anda à volta de 50% do salário médio mensal.
Assim é impossível.
Referências:
Ribeiro, José - "
História do Karting em Portugal" - Talento, 2007
FPAK - Federação Portuguesa de Automobilismo e KartingRFEDA - Real Federación Española de AutomovilismoFFSA - Fédération Française du Sport AutomobileFIK - Federazione Italiana KartingINE - Instituto Nacional de EstatísticaEUROSTAT
Tiago Andrade, 16 years and 224 days ago.